"De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
(Vinicius de Mores)
Vinicius de Mores foi intenso quando escreveu tais palavras. Verdadeiramente um poeta ferido pelo ser amado, mas ainda amante. O amor que tanto se deseja... Tal sentimento improvável e irreal, que nos faz sofrer, dói no mais intimo, nos rouba, nos tira a paz.
Amor sentimento doido que por mais que desejasse não tê-lo, toma conta de nosso coração e um dia se vai, seja a morte, seja a vida, seja o caminho oposto ou até por vontade própria. E leva de nós tudo que nos ofereceu e ainda leva nosso sorriso, nossa auto-imagem e muito mais propriedades por nós adquiridas antes mesmo de saber que ele existia.
AMOR QUE DÓI e tira de nós a esperança de que vai ficar tudo bem. Porque o que mais se deseja é que ele NUNCA tivesse existido.
Sentimento sensacional que ENCHE, mas quando nos esvazia, deixamos de ser nós mesmos. Que deixa saudade, mesmo quando tenha sido o pior dos sentimentos.
AMOR que rouba de nossos corações a vontade de senti-lo novamente. Sentimento cruel. Jamis esquecido.
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