quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Soneto da Fidelidade

"De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure."
(Vinicius de Mores)

Vinicius de Mores foi intenso quando escreveu tais palavras. Verdadeiramente um poeta ferido pelo ser amado, mas ainda amante. O amor que
tanto se deseja... Tal sentimento improvável e irreal, que nos faz sofrer, dói no mais intimo, nos rouba, nos tira a paz.
Amor sentimento doido que por mais que desejasse não tê-lo, toma conta de nosso coração e um dia se vai, seja a morte, seja a vida, seja o caminho oposto ou até por vontade própria. E leva de nós tudo que nos ofereceu e ainda leva nosso sorriso, nossa auto-imagem e muito mais propriedades por nós adquiridas antes mesmo de saber que ele existia.
AMOR QUE DÓI e tira de nós a esperança de que vai ficar tudo bem. Porque o que mais se deseja é que ele NUNCA tivesse existido.
Sentimento sensacional que ENCHE, mas quando nos esvazia, deixamos de ser nós mesmos. Que deixa saudade, mesmo quando tenha sido o pior dos sentimentos.
AMOR que rouba de nossos corações a vontade de senti-lo novamente.
Sentimento cruel. Jamis esquecido.

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